quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A liberdade que Cristo nos ofereceu

«A lei (...) como "lógica de vida" (...) é perversa e conduz  à morte, pois contradiz a verdade da gratuidade da salvação e acaba por matar o amor.

Esta lógica (...) pode adotar diversas variantes:

a rígida piedade de quem faz tudo por "obrigação", como se tivesse uma dívida para pagar a Deus, quando Cristo na Cruz já redimiu qualquer dívida do homem a Deus, e o chamou para que devolva tudo por amor e agradecimento, não por causa de nenhuma dívida, ou por medo;

o temor de quem se sente sempre culpado e tem a sensação de nunca fazer o suficiente por Deus;

a mentalidade mercantilista do que calcula os seus méritos e mede os seus progressos, passando a vida à espera da recompensa de Deus, queixando-se quando as coisas não saem de acordo com as suas expetativas;

a atitude superficial de quem faz as coisas bem, com a sensação de estar "realizado", desanimando a seguir, ou revoltando-se, quando choca com os seus próprios limites;

a pequenez de espírito de quem mede tudo em função de prescrições (...): não faças, não gostes, não toques, em lugar de viver com o coração alargado pelo amor;

(...)

G. Klimt
A fonte da vida é a "lógica da Graça" que permite que o amor cresça. Trata-se de uma lógica de gratuidade, que é o único regime em que pode subsistir o amor. (...) O Amor de Deus é absolutamente gratuito: não se pode merecer, nem conquistar. Limitamo-nos a acolhê-lo pela fé. (...) Um amor recebido gratuitamente que nos convida a amar gratuitamente.

(...) Viver de acordo com esta lógica da Graça cura-nos do orgulho (as minhas obras não são boas por serem minhas, mas porque Deus me dá a possibilidade de as realizar), e da desesperança, pois sejam quais forem as minhas falhas, posso sempre levantar-me recorrendo ao amor absolutamente gratuito e incondicional de Deus.»

(Jacques Philippe, La libertad interior, Rialp: 2014)

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