Tradução portuguesa, via serviço de divulgação de notícias: "É o Carteiro".
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Papa conta tudo aos jornalistas no avião
RESUMO (texto integral no fundo)
Assustou-se quando viu o relatório Vatileaks?
Não. Vou-lhes contar uma história sobre o relatório Vatileaks.
Quando fui ver o Papa Bento, depois de rezar na capela reunimo-nos numa sala e havia uma caixa grande e um envelope em cima. Bento XVI disse-me: 'nesta caixa grande estão todas as declarações prestadas pelas testemunhas.
E o resumo e as conclusões finais estão neste envelope. E que dizem isto e isto e isto...' Tinha tudo na cabeça!
Mas não, não me assustei. É um problema grande, mas não me assustei.
Deu a volta ao mundo a foto em que o papa sobe a escada do avião levando uma pasta na mão. O que é que tem lá dentro?
Não estava a chave da bomba atómica (risos). Levei a pasta porque é assim que costumo fazer quando viajo.
Dentro está a máquina de barbear, o breviário, a agenda, um livro para ler, que é um livro sobre Santa Teresinha, de quem sou devoto. Levo sempre a pasta quando viajo, é normal. Devemos habituar-nos a ser normais. A normalidade da vida.
Porque insiste tanto em que rezem por si?
Eu sempre pedi isso. Comecei a fazer esse pedido com certa frequência no trabalho de bispo. Sinto que se o Senhor não ajuda neste trabalho, para o que o povo de Deus dê passos em frente, nós não podemos.
Eu sinto-me realmente com muitos limites, com muitos problemas, também pecador.
Devo pedir orações, sai-me de dentro.
Também a Nossa Senhora peço que reze por mim ao Senhor.
É um costume que me vem de fora, também da necessidade que tenho pelo meu trabalho. Sinto que o devo pedir. É isso.
Que pensa da ordenação de mulheres?
Quanto à ordenação de mulheres a Igreja falou e disse não.
Disse-o João Paulo II, mas com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada.
Mas sobretudo quero dizer-lhes uma coisa: a Virgem Maria era mais importante que os apóstolos e que os bispos e que os diáconos e que os
sacerdotes.
A mulher na Igreja é mais importante que os bispos e os padres.
Como? Isto é o que devemos tratar de explicitar melhor através de um aprofundamento da Teologia da mulher.
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Video aqui, legendado em espanhol.
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Video aqui, legendado em espanhol.
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TEXTO INTEGRAL:
A BORDO DO VOO PAPAL.- Após agradecer o trabalho dos jornalistas e reconhecer que não estava a acreditar quando, do altar, viu os 3 milhões de jovens de 178 países que participaram na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), veio o momento das perguntas. Para isso, os jornalistas tínhamo-nos organizado por grupos linguísticos e por países. Os dois argentinos presentes no voo tivemos a vantagem de que o Papa fosse nosso compatriota: os dois pudemos fazer perguntas.
Transcrever a hora e vinte minutos de perguntas e respostas árduo trabalho que nos obrigou a muitos a não dormir significaria um livro. Aqui, algumas das mais transcendentes.
A minha foi em nome dos 50.000 argentinos que encontrei no Rio de Janeiro e que me disseram 'vais viajar com o Papa, pergunta-lhe quando vai à Argentina'. E como já disse que por agora não vai viajar, então vou-lhe fazer uma pergunta mais difícil:
Assustou-se quando viu o relatório Vatileaks?
Não. Vou-lhes contar uma história sobre o relatório Vatileaks. Quando fui ver o Papa Bento, depois de rezar na capela reunimo-nos numa sala e havia uma caixa grande e um envelope em cima. Bento XVI disse-me: 'nesta caixa grande estão todas as declarações prestadas pelas testemunhas. E o resumo e as conclusões finais estão neste envelope. E que diz isto e isto e isto...' Tinha tudo na cabeça! Mas não, não me assustei. É um problema grande, mas não me assustei.
Uma pergunta um pouco delicada. A história de Monsenhor Ricca deu a volta ao mundo. Como vai enfrentar este assunto e tudo o que se relaciona com o alegado lobby gay no Vaticano?
Em relação ao Monsenhor Ricca, fiz o que o direito canónico manda fazer, que é uma investigação prévia. E esta investigação não diz nada do que se publicou. Não encontrámos nada. Mas eu acrescentar uma coisa: muitas vezes na Igreja vai-se buscar os pecados de juventude e publica-se. E falo de pecados, não de delitos como os abusos de menores. Mas se uma pessoa leigo, padre ou religiosa comete um pecado e depois se arrepende, o Senhor perdoa-a. E quando o Senhor perdoa, esquece. O importante é fazer uma teologia do pecado. Muitas vezes penso em S. Pedro: fez pecados dos piores, renegar Cristo. E com esse pecado fizeram-no Papa!
E o lobby gay?
Escreve-se muito do lobby gay. Ainda não me cruzei com ninguém que me tenha mostrado o bilhete de identidade no Vaticano como gay. Dizem que existe. Quando nos encontramos com alguém assim, devemos distinguir entre o facto de ser gay do facto de fazer lobby, porque nenhum lobby é bom. Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para criticá-lo? O catecismo da Igreja católica explica-o de forma muito bonita. Diz que não se devem marginalizar estas pessoas por causa disto. É preciso integrá-las na sociedade. O problema não é ter esta tendência. Devemos ser irmãos. O problema é fazer um lobby
Deu a volta ao mundo a foto em que o papa sobe a escada do avião levando uma pasta na mão. O que é que tem lá dentro?
Não estava a chave da bomba atómica (risos). Levei a pasta porque é assim que costumo fazer quando viajo. Dentro está a máquina de barbear, o breviário, a agenda, um livro para ler, que é um sobre Santa Teresinha, de quem sou devoto. Levo sempre a pasta quando viajo, é normal. Devemos habituar-nos a ser normais. A normalidade da vida.
A sociedade brasileira mudou, os jovens mudaram. O papa não falou sobre o aborto nem sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foi aprovada uma lei que amplia o direito ao aborto e outra que prevê os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Porque é que não falou sobre esses temas?
A Igreja expressou-se já perfeitamente sobre esses temas, não era necessário voltar a isso, como também não falei a fraude, a mentira ou outras coisas sobre as quais a Igreja tem uma doutrina clara. Não era necessário falar sobre isso, mas das coisas positivas que abrem caminho aos jovens. Além disso os jovens sabem perfeitamente qual é a posição da Igreja.
Mas qual é a sua posição nesses temas?
A da Igreja, sou filho da Igreja.
Como se sente como Papa. É feliz?
Fazer o trabalho de bispo é uma coisa bonita. O problema é quando procuramos esse trabalho, isso não é tão bonito, isso não é do Senhor. Existe sempre o perigo de nos julgarmos um pouco superiores aos outros, não como os outros, um pouco príncipes. São perigos e pecados. Mas o trabalho de bispo é lindo, é ajudar os irmãos a avançar. O bispo diante dos fiéis para assinalar o caminho, o bispo no meio dos fiéis para ajudar a criar comunhão, o bispo atrás dos fiéis porque os fiéis com frequência têm o "olfacto da rua". Perguntou-me se gosto. Sim, gosto de ser bispo. Em Buenos Aires fui muito feliz. O Senhor assistiu-me nisso. Como bispo fui feliz, como sacerdote fui feliz. Neste sentido, gosto.
E gosta de ser Papa?
Sim, também. Quando o Senhor te coloca aí, se tu fizeres o que o Senhor te pede, és feliz. Isso é que sinto.
Está cansado?
Não estou casado, eu sou single (risos).
Quando se reuniu com argentinos, um pouco na brincadeira e um pouco a sério, disso que às vezes se sente engaiolado.
Nem imagina quantas vezes tive vontade de ir passear pelas ruas de Roma... Porque eu gosto de andar pelas ruas, já gostava muito, e nesse sentido sinto-me um pouco engaiolado. Mas devo dizer que os da Gendarmeria vaticana são bons, são realmente bons e estou-lhes muito grato. Agora deixam-me fazer umas quantas coisas mais, mas o seu dever é garantir a segurança. Engaiolado nesse sentido, de que eu teria gosto de andar pela rua, mas compreendo que não é possível, percebo. disse-o nesse sentido. Porque, como dizemos em Buenos Aires, eu era um sacerdoterueiro [que gosta de andar na rua callejero no original].
Porque insiste tanto em que rezem por si?
Eu sempre pedi isso. Comecei a fazer esse pedido com certa frequência no trabalho de bispo. Sinto que se o Senhor não ajuda neste trabalho, para o que o povo de Deus dê passos em frente, nós não podemos. Eu sinto-me realmente com muitos limites, com muitos problemas, também pecador. Devo pedir orações, sai-me de dentro. Também a Nossa Senhora peço que reze por mim ao Senhor. É um costume que me vem de fora, também da necessidade que tenho pelo meu trabalho. Sinto que o devo pedir. É isso.
Que pensa da ordenação de mulheres?
Quanto à ordenação de mulheres a Igreja falou e disse não. Disse-o João Paulo II, mas com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada. Mas sobretudo quero dizer-lhes uma coisa: a Virgem Maria era mais importante que os apóstolos e que os bispos e que os diáconos e que os sacerdotes. A mulher na Igreja é mais importante que os bispos e os padres. Como? Isto é o que devemos tratar de explicitar melhor através de um aprofundamento da Teologia da mulher.
Sendo Papa, ainda se sente jesuíta?
É uma pergunta teológica porque os jesuítas fazem votos de obediência ao Papa. Mas se o Papa é jesuíta, talvez tenha de fazer voto de obediência ao Padre Geral dos Jesuítas, não sei como isto se resolve. Eu sinto-me jesuíta na minha espiritualidade. Não mudei de espiritualidade, continuo a pensar como jesuíta, não hipocritamente, mas penso como jesuíta.
A quatro meses do seu pontificado, pode fazer um breve resumo? Que foi o melhor, e o pior e o que o supreendeu mais neste período?
Realmente, não sei como responder a esta pergunta. Coisas más não houve. Coisas boas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos. Foi muito bonito. Uma coisa dolorosa, que me tocou o coração, foi a visita à ilha de Lampedusa. Quando chegam estas barcas, deixam-nos ao largo a umas milhas de distância da costa e eles têm de chegar cada um por si. Foi doloroso porque penso que estas pessoas são vítimas do sistema socioeconómico mundial. Mas a coisa pior [em tom de humor] foi uma ciática, verdadeira, que tive no primeiro mês. Foi dolorosíssimo. Não a desejo a ninguém.
O papa gostava muito da Argentina e tinha Buenos Aires muito no coração. Os argentinos perguntam se não sente falta de andar de autocarro, de andar pela rua.
Sim, Buenos Aires faz-me falta. Mas é uma falta serena.
* * *
Estávamos a 20 minutos de aterrar, com as mãos mergulhadas no computador e voltou a aparecer ele, Francisco. Voltou a saudar e a agradecer a todos com um sorriso. Disse-lhe: "Padre Jorge, 'passou-se', fez-nos trabalhar demais". "Vocês é que procuraram, é que quiseram", respondeu...
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