«Caro Deus
Hoje saí cedo de casa para andar a pé. Enquanto caminhava ia pensando: Às vezes andamos à beira do precipício por Ti, Senhor, e muitas vezes nem sequer sabemos o que fazer.
Limitamo-nos a andar, e a andar, pensando no Teu Amor, na Tua Presença ... Que queres que façamos, Senhor?
Estamos submergidos num mundo em que não queremos estar: é um lugar escuro e cheio de dificuldades. À nossa volta parece não haver amor nem esperança; só vemos situações para as quais não temos resposta. Quando me queixo a Ti, sinto que me respondes: "Continua a andar"!
Não imaginas a quantidade de gente que me conta os seus problemas. Vêm ter comigo talvez porque leram algum dos meus livros; estão às escuras. Fico angustiado e pergunto-me: Porque é que permites isto? Porquê este sofrimento?
Já há muito tempo que decidi deixar de fazer perguntas e dedicar-me a confiar: como é que Te poderia compreender, a não ser reduzindo-Te à minha pequena (e mortal) dimensão?
Mas a verdade é que nem sempre consigo manter estas decisão de forma tranquila.
Hoje foi um desses dias, cheio de inquietações. Curiosamente, enquanto ia andando a pé, pareceu-me que as respostas surgiam.
Todas estas pessoas, entaladas em dificuldades, deixaram de olhar para a questão fundamental: aquilo que realmente são!
São teus filhos! Portadores do Teu Amor, mensageiros da esperança. É um selo com que nos marcaste e que nunca perderemos.
O que Tu queres que façamos é que sejamos os Teus braços, os Teus pés e a Tua voz. Se tivéssemos consciência disto, tudo seria mais simples: podíamos perdoar e amar; dar abraços aos que precisam.

Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada, e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa.
Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus." (Mt. 5, 13-16)
A resposta afinal é evidente: devemos ser a luz que ilumina, que mostra o caminho, para que todos cheguem a Ti.
Nunca mais esquecerei aquela jovem que veio ter comigo ao escritório para dizer que se despedia. "Mas alguém te tratou mal?", perguntei admirado. "Pelo contrário", respondeu, "todos têm sido extremamente amáveis comigo". "Então, porque vais embora?!", continuei perplexo.
Sorriu e disse-me: "Vou atrás de um ideal pelo qual quero gastar a vida inteira: algo que vale realmente a pena"!
Alguns anos depois voltei a encontrá-la um dia, à saída da Missa: "Então, valeu a pena?". Estava com um ar radiante e respondeu-me com emoção: "Voltaria a fazê-lo mil vezes: vale sempre a pena viver para Deus."
"É fácil, retorna á Graça: tem vida de oração, faz boas obras. Vive em Mim ... e Eu serei a tua luz!"
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